Wednesday, June 3, 2009

o coração do lótus

sem lama sem lótus, na caligrafia do Thây, que nos diz:

Nossas aflições nada mais são do que iluminação. Podemos deslizar em paz nas ondas de nascimento e de morte. Podemos viajar no barco da compaixão e atravessar o oceano da ilusão com um sorriso destemido. À luz da interexistência, vemos a flor no lixo e o lixo na flor. É nas profundezas do sofrimento e das aflições que podemos contemplar a iluminação e o bem-estar. É exatamente na água lamacenta que a flor de lótus brota e floresce. [...] O jardineiro não corre atrás das flores, nem foge do lixo. Aceita e cuida de ambos. Não tem apego a um e rejeição a outro, pois vê que a natureza de ambos é a interexistência. Ele fez as pazes com a flor e com o lixo. O bodhisattva lida com as aflições e a iluminação da mesma maneira que o jardineiro habilidoso lida com as flores e o lixo – sem discriminação. Ele sabe como fazer o trabalho de transformação e, por isso, não tem mais medo. Essa é a atitude de um Buda.

Thich Nhat Hanh, em Transformações na Consciência de acordo com a Psicologia Budista (leia mais aqui...)


esta foto do meu amigo Richard Friday chama-se "o botão contém a flor"... Esta postagem mostra as flores de lótus que são cultivadas no lagos de todos os Hamlets de Plum Village, assim como nos lagos de nossas vidas nós cultivamos a flor da iluminação...


o botão que começa a abrir... mas pode-se ver -- repare nisso em outras fotos também -- que ao redor do botão vigoroso há os lótus que já feneceram, perderam suas pétalas, e agora resta apenas sua haste e o coração despido... tudo a um só tempo -- agora...


que segredos guardas, que segredos revelas, oh lótus?


é maravilhoso observar, respirando calmamente, o desabrochar da flor de lótus, como cada pétala responde ao sol e se abre maciamente


no auge da exuberância, perceba que este lindíssimo lótus está rodeado de hastes e cálices que outrora já foram flores -- nas fotos seguintes, voaremos com leveza para dentro da flor





cá estamos, enfim, no coração do lótus, que é também uma iguaria culinária


você tinha idéia do tamanho de uma flor de lótus? Aqui o sorriso da Amelia nos dá uma idéia de proporção


passado, presente e futuro -- nesta foto, vemos os botões fechados, começando a desabrochar, as pétalas cedendo ao sol e à gravidade, a flor do lótus no seu auge, uma pétala caída sobre uma folha, e as hastes despetaladas... Longa vida à impermanência!


detalhe do cálice da flor do lótus, depois que todas as pétalas caíram


o último lótus da estação não é o último lótus



você poderia imaginar casa mais bela e perfumada do que esta para morar? (linda foto da querida amiga e Irmã no Dharma Iara Sylvain)


repouso e contemplação das monjas diante do lago de lótus -- e ao fundo vemos as tendas dos hóspedes do Retiro de Verão, no Upper Hamlet --, as queridas Irmãs lembram-nos que o mundo é nosso salão de meditação, e as rochas bem servem de almofadas



quando chove, as folhas do lótus recolhem as gotas e armazenam-nas em círculos perfeitos -- repare no par de fotos acima




ao fim da meditação caminhando, a Sangha abraça o lago de lótus repleto de flores, no Lower Hamlet


o lago de lótus do New Hamlet tem o formato de um coração, o coração de lótus


coração e flores que uma jovem praticante ajuda a cultivar


sob a guarda de uma árvore generosa em Plum Village, Thich Pháp Hai (que esteve no Brasil em 2008, leia aqui) e uma Irmã se saudam com o gesto do lótus -- um lótus que podemos fazer florescer muitas vezes em nosso dia, e que talvez você queira fazer florescer agora, enquanto ouve o texto abaixo:



Que o som deste sino possa penetrar profundamente no cosmos
Mesmo nos lugares mais sombrios, que os seres vivos possam ouvi-lo claramente
Para que todo seu sofrimento cesse, a compreensão toque seu coração
E transcendam o caminho da dor e da morte.

A porta do dharma universal já está aberta
Pode-se ouvir claramente o som da maré montante
Faz-se o milagre
Uma linda criança surge no coração de uma flor de lótus
Uma única gota d´água desta compaixão é suficiente para devolver o frescor da nascente às nossas montanhas e rios.

Ao ouvir o sino, sinto as aflições se dissipando dentro de mim
Minha mente está calma, meu corpo, relaxado
Um sorriso brota em meus lábios
Ao acompanhar o som do sino, minha respiração me traz de volta à segurança da ilha da plena consciência
No jardim do meu coração, as flores da paz desabrocham, lindas.


tradução da querida Irmã Denise Kato para texto de uma meditação guiada com o Thây, acompanhado da voz do Irmão Phap Niem e com música de Gary Malkin, esta bela gravação em Inglês pode ser ouvida no vídeo abaixo:


2 comments:

  1. Adorei encontrar minha querida companheira de prática aqui, intersendo com um belo lótus!

    Aproveito para agradecer o calor que traz ao meu coração saudoso de Plum, quando vejo suas delicadas fotos, com sua narração amorosa...

    Um lótus florido em cores amorosas para você!
    Lili

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  2. Esqueci de mencionar que minha querida companheira de prática é a Amélia!

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