
Ao comermos uma deliciosa cenoura, temos que sentir que ela também é fruto do empenho de muitas gerações. Por trás de uma fatia de pão há uma história de milhares de anos. No Vietnã, quando comemos uma tigela de macarrão, temos consciência de que ela tem sua própria história. As mães não sabem automaticamente como temperar essa refeição. Esse conhecimento foi transmitido por muitas gerações. Todo bolo, todo prato possui sua própria história. A felicidade dos nossos ancestrais tornou-se nossa própria felicidade.
Thich Nhat Hanh em Ensinamentos sobre o Amor (leia mais aqui...)
começando pela tigela aparentemente vazia -- que se descobre nunca estar vazia, mas cheia de amor, de trabalho, de gratidão, de plena consciência, de sol e de chuva...

passando por uma legião de voluntários para a meditação do trabalho de cortar os legumes -- nas duas fotos acima, as mesas dispostas na varanda junto à cozinha do Upper Hamlet
que depois de cortados vão às cozinhas dos Hamlets onde outra legião de monges e voluntários laicos os processa...
...tranquilamente saboreada durante um almoço picnic, sentados nos degraus da Torre do Sino (este, em Lower Hamlet), nos alimentamos saudavelmente por nossos ancestrais e por nossos descendentes, transformando comida em amor, alegria, irmandade, insights, compaixão...
Estes dizeres e caligrafia do Thây, o pão em tuas mãos é o corpo do cosmo, enfeitam o refeitório do Lower Hamlet -- numa folha de alface está o orvalho, as estrelas, as baleias, toda a memória da humanidade, o trabalho e o amor; em cada bocado está tudo o que na consciência individual e coletiva houver -- o cosmo...
quando a refeição fica pronta, o Irmão (aqui, ainda de avental de cozinheiro) soa o sino -- ou convida o sino, como dizemos em Plum Village -- e nos chama à plena consciência e para o almoço
...a longa fila, que incluirá toda a Sangha, monásticos vindo primeiro e por ordem de ordenação, e depois os praticantes laicos...
assim como a entrada, a saída também é formal e em fila...
Ontem, em nosso retiro, nós tivemos uma festa da tangerina. A cada um foi oferecida uma tangerina. Nós colocamos a tangerina na palma de nossa mão e olhamos para ela, respirando de tal forma a fazer a tangerina se tornar real. A maioria das vezes em que comemos tangerina, sequer olhamos para ela. Nós pensamos em muitas outras coisas. Olhar para uma tangerina é ver o botão se formando em fruto, é ver os raios de sol e a chuva. A tangerina na palma da nossa mão é a maravilhosa presença da vida. Nós somos capazes de realmente ver a tangerina e sentir o cheiro de seu botão e da terra tépida e úmida. À medida que a tangerina se torna real, nós nos tornamos reais. A vida naquele momento se torna real.
Thich Nhat Hanh em O Coração da Compreensão (leia mais aqui...)

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